quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Afinal também acabei enredado na diáspora. Que raio de povo é este, o português, que acaba sempre por ir parar sabe-se lá onde. Levanta-se uma pedra no Kalahari e encontra-se o tuga, sobe-se a uma palmeira no Sahara e vê-se um jipe com tugas lá dentro, escava-se um buraco na Amazónia e lá estava já um tuga a escavar. E foi por isso que o diabo da vida me tirou ao feliz rame-rame casa-fábrica e me pôs no desemprego, só para encontrar um emprego em Espanha e longe da família. Quase que não vim, com a pirralha agarrada a mim como uma lapa e a dizer entre choros "Não vás, papá!". Quem não sabe o que é isto é um sortudo, quem não precisa de partir o coração da própria filha, para garantir que tem emprego nos próximos anos. Em suma, sou desterrado e estou de rastos. Acordei hoje como um desses portugueses que a cada geração têm que emigrar para sobreviver, e não vivem porra nenhuma.