quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Estanco


Isto aconteceu no início de Outubro, quando cheguei aqui. Precisava de comprar o passe para o metro, e perguntei onde o podia arranjar.

- Isso é fácil, vais a um estanco...
- Um estanco?? - O que raio é um estanco, pensei para mim, não querendo parecer o absoluto ignorante que nessa altura já sabia ser.
 - Sim, onde vendem tabaco. Há uma data deles aí pelas ruas, uns quiosques castanhos.
 - Uma tabacaria!

Chamam-lhe estanco... embora oficialmente sejam "expendedurías de tabacos". Porquê? Não juro, não garanto, mas tenho uma teoria. Em Espanha, estanco significa um monopólio. Ora, os ditos estancos são atribuídos pelo estado, que é o detentor do monopólio dos centros de distribuição de tabaco. Parece-me razão suficiente...

Descobri também que os estancos fecham das 14 às 17, como as restantes lojas, pelo que não convém ao fumador ficar sem tabaco nessa hora. Fecham mesmo!

Mas digam-me lá se não são doidos, os olés? Era muito mais fácil dizer tabacaria...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Deolinda no Circulo de Bellas Artes de Madrid


O 'tuga na estranja tem que gostar da música nacional. O meu defeito será talvez que já gostasse antes...

Ontem fui assistir ao concerto dos Deolinda no Circulo de Bellas Artes de Madrid. Em português ou em espanhol, fenomenal!!! A presença, o à vontade e principalmente a voz de Ana Bacalhau fazem muito pelo concerto. O talento inolvidável dos restantes elementos da banda, agrega todas as pontas soltas de um som que tem tanto de tantas partes diferentes do mundo e torna-o único. É fado sem o ser, não é pop já o sendo.

A vocalista conta a história de cada música antes de a cantar, e fê-lo no seu assumido portunhol tentado. Ana Bacalhau conseguiu por os espanhóis presentes a gritar a plenos pulmões "vão sem mim que eu vou lá ter", após ter pedido aos portugueses presentes que o fizessem virados para os espanhóis a seu lado. E assim foi o Movimento Perpétuo Associativo dos Deolinda...

Sem dúvida, o concerto valeu bem mais que os €10,00 que custou a entrada. Eu já os conhecia, mas pude comprovar... são excelentes.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Jantar fora 22/11/2009

Pois ontem jantei fora... podem ver abaixo a sala do restaurante. O restaurante chama-se La Gloria de Montera. E aqui está o tema deste post. O fabuloso restaurante ao melhor estilo new yorker situa-se na Calle Montera, que para quem não sabe é uma rua conhecida pela prostituição feminina. Mas numa zona de fácil acesso por metro (estação de Gran Vía).



Em Portugal, não creio que fosse fácil a sobrevivência de um restaurante deste tipo numa zona destas, mas aqui em Madrid, o restaurante estava cheio de casais, de grupos de amigas e amigos, sem dramas.

Come-se muito bem, posso recomendar o Crujiente de Ternera. Estava maravilhoso. O preço? Muitissimo barato. Prato, sobremesa (profiteroles) e vinho por €16,80. Foi uma pechincha, dada a qualidade. O prato apenas custava menos de €8,00. Não aceitam reservas, convém chegar cedo.

Pelo que me dizem, este restaurante faz parte de uma cadeia catalã que possui pelo menos mais um restaurante em Madrid, que quero experimentar em breve. Depois critico...

Plátano




O que é um Plátano? Em Portugal, todos sabemos! Uma árvore, frequentemente usada em passeios e jardins, que dá boa sombra e é muito bonita, cuja folha tem um formato característico e surge na bandeira do Canadá.



E em Espanha? Sim, quase todos nós sabemos que um plátano em Espanha é uma banana. O que eu não sabia é que também a bananeira é plátano, e o próprio plátano é plátano. Confuso? Eu explico. Os olés chamam plátano a duas árvores diferentes e à banana. 


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Trozo

Cheguei à conclusão que a minha mãe deve ser meia espanhola... (oh Mãe, desculpa... eu já explico).

A minha mãe sempre disse "um troço" para dizer "uma coisa" (bem, também diz trecos e bagulhos, mas isso agora não interessa nada).

Os nossos queridos olés dizem "un trozo" para dizer "um bocado", ou "uma fatia".

E o facto é que ontem, que comi pizza ao jantar, me apercebi do quanto acho ridículo chegar ao balcão (que para eles é "barra") e pedir "un trozo" de pizza.

É que un trozo de pizza é como se a pizza tivesse um troço, isto é, uma coisa, lá dentro. Tipo a fava do bolo rei. Assustador!!!
Fico é contente que a minha mãe, sem ter aulas de espanhol tenha vinte no módulo "Como pedir pizza na Espanha".

Reunión




Tal como os portugas, os espanhóis vivem obcecados com as reuniões. Juntam-se para debater tudo, a toda a hora e chegam ao ponto de convocar reuniões com dois minutos de antecedência. Tal como nós. Eles gostam... e nem bocejam!







O que me deixou boquiaberto hoje foi que apesar desta facilidade para convocar as reuniões, a logística tem muito que se lhe diga... ou pelo menos nesta companhia. Bem, mas o caso foi o seguinte: havia falta de cadeiras para toda a gente, porque convocaram 15 mas foram 20 à reunião. Saímos da sala de reunião em busca de mais cadeiras, mas não havia. Pedimos ao "contínuo" de serviço que verificasse se havia mais noutro lado. Espantei-me quando me disse que tinha que enviar um e-mail para a gestão patrimonial a pedir 5 cadeiras.

- Agora? - perguntei eu.
- Já! - disse-me o dito contínuo - Para ver se têm as cadeiras daqui a 10 minutos.

E fiquei a pensar... isto em Portugal, nem haveria contínuo... íamos a outra sala e tirávamos as que houvesse. Mas aqui não há o desenrascanço... essa palavra que até os americanos entendem que faz falta no seu dicionário.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mono


O tema do Mono é interessante. Aqui os nossos vizinhos chamam Monos aos macacos. Os mesmos vizinhos chamam monos aos bonecos (por exemplo, monos animados). Mas o drama é que chamam às crianças bonitas boneco, isto é, mono. Eu explico: quando vêem uma criança linda dizem "¡¡ay... Qué mono!!
Quanto a vocês não sei... mas para mim isto aproxima-se muito de chamar macacos às criancinhas, ¿ no?

Merceria


Pois é... com esta fiquei duplamente surpreendido. Primeiro porque a filhota diz frequentemente "Pai... Quero brincar às mercerias" ao que geralmente acedemos, sabendo que quer dizer "às mercearias".

Imaginem o meu espanto ao dar de caras com uma verdadeira merceria. E na altura nem me apercebi bem... porque a vi de longe. Essa foi a primeira surpresa, saber que as mercerias existiam... (será que a piolha veio com o chip espanhol??)

Mas quando vi uma de perto pela primeira vez, tive a segunda surpresa. E como é típico em mim, desatei a rir e ninguém à minha volta conseguia perceber porquê! Mas eu tinha razão. É que se repararem bem no exemplo desta foto, afinal a malfadada merceria não é mais que uma retrosaria.

Em conclusão: um português a viver em Madrid tem todos os dias um pouco de Telejornal dos anos 80... é como dizia o Peça... E esta, hem?
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23-11-2009
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edito o post para acrescentar, fruto de conversa posterior: em Portugal usava-se (creio que ainda se usa) algodão mercerizado, que se compra em retrosarias. Todos se lembram das avós ou mães a utilizar estes novelos da âncora. Tricota daqui, renda dali, e mais uma peça do quebra-cabeças (ou à espanhola, rompe cabezas). Aqui se encontra o elo perdido entre as duas línguas no que respeita ao tema da merceria.

O ciclo finito

Esta não é minha, mas de um amigo espanhol que esteve a trabalhar comigo. Chamo-lhe o ciclo finito de Frutos, porque é o nome dele e porque o ciclo não fecha, a não ser que o espanhol para secretária seja cubierto... e não é! As diferenças da língua são muito mais presentes do que se pensa:

ESPANHOL - PORTUGUÊS
cubierto - talher
taller - oficina
oficina - escritório
escritorio - secretária

Castellana


As torres da Castellana. A primeira coisa que vejo quando saio do trabalho. Não nesta perspectiva, mas pelo lado oposto. As torres já estão completas e a foto não é minha. Madrid é bonita, sem dúvida. Passo a maior parte do dia aqui ao pé. Mas é à noite, quando saio, que se vêem as torres iluminadas. Para quem gosta de arquitectura, como eu, é lindo! O que custa depois disto é ir para o metro.